
Assistente virtual: 365 dias depois
No mesmo dia em que completava um ano de me ter despedido, voltaram a questionar-me acerca da profissão de assistente virtual. Percebi que, tal como eu, existem muitas pessoas que querem desenvolver uma atividade como nómada digital para trabalharem com mais autonomia e fazerem o que mais gostam.
Olho à minha volta e vejo pessoas que não são felizes na sua atividade profissional. Tenho recebido perguntas acerca desta profissão e candidaturas para se juntarem ao CLIC como assistentes. Depois de responder a cada uma dessas pessoas, escrevi este artigo para quem está a pensar em trabalhar como assistente virtual.

Breve resumo
Foi em 2012 que desenhei este projeto. Pretendia trabalhar como assistente virtual, mas tive medo e não avancei. Na altura, não encontrava muita informação em Portugal e temia que não fosse bem aceite. Esta profissão já é muito comum nos EUA e no Brasil, mas por cá ainda faz levantar o sobrolho a muita gente. Apesar de existir alguma procura e uma necessidade que muitos não sabem que a têm (a necessidade de contratar uma assistente virtual), ainda é preciso explicar o que é uma AV. Como já tive oportunidade de dizer, várias vezes, esta profissão ainda não é conhecida e percebida por toda a gente.
No início de maio de 2018, estava a trabalhar como consultora imobiliária e dei por mim a executar muitas tarefas administrativas e com a minha agenda cheia, sem tempo para mim e para as minhas filhas. Quando percebi que já não era dona do meu tempo, decidi resgatar o projeto que tinha esquecido e dei-lhe vida. Não quis esperar mais e, quando tomei a decisão, despedi-me. Pensei em tudo o que sabia fazer e criei o CLIC (Comunicar, Ligar Ideias e Criar). No mesmo website apresento três serviços distintos: a assistência virtual, os currículos e as biografias. São três segmentos diferentes, mas que se ligam pela mesma base, a escrita.
Sete perguntas e sete respostas

#1
Vou ter de correr atrás dos primeiros clientes?
Claro que não! Se correr atrás, vai parecer que está em desespero. Vai ter de se colocar, estrategicamente, à frente do cliente. Só precisa de fazer uma coisa. Dizer ao mundo que é uma assistente virtual. De que forma? Trabalhar a sua rede de contactos, criar um website, blog, contas nas redes sociais, fazer parcerias e trabalhar bem o marketing digital.
#2
A Cristina fez formação para ser assistente virtual?
Não fiz nenhuma formação para ser assistente virtual. Tenho experiência profissional como assistente comercial, formação em Secretariado e Relações Públicas, licenciatura em Ciências Sociais e o curso Método Biográfico: Produção e Análise de Histórias de Vida entre outras formações na área da escrita.
Quem está à procura de formação nesta área, tem o mini curso gratuito Como ser Assistente Virtual da Camile Just e informação muito completa que pode encontrar no site. No entanto, julgo ser mais direcionada para o mercado brasileiro.
#3
Como apresento o meu trabalho a futuros clientes?
Sempre que tenho um pedido de informações, envio uma apresentação com um breve resumo do projeto, uma descrição dos meus serviços, preços e condições. Nunca enviei propostas sem que haja uma conversa prévia ou um pedido de orçamento, mas sei que há quem envie propostas a potenciais clientes sem nunca ter existido nenhum contacto antes.
#4
Os primeiros trabalhos têm de ser a custo zero?
Não, necessariamente, mas para começar a ganhar experiência, construir um portfólio e dar-se a conhecer, pode ser uma boa estratégia oferecer um serviço. Talvez ganhe o cliente ou seja recomendado por ele mais tarde.
#5
Como e onde conseguir clientes?
Para quem trabalha de modo remoto, um cliente pode estar em qualquer parte do mundo. É muito importante investir no marketing digital para se dar a conhecer. Apesar de trabalhar virtualmente, não dispenso a apresentação dos meus serviços a amigos, conhecidos e locais que frequento.
#6
É sustentável ter esta atividade a full-time?
A curto prazo não, porque demora tempo até conseguir uma carteira de clientes que possa sustentar este negócio. Os primeiros três a seis meses são de muito trabalho e aprendizagem. Acredito que com dedicação, persistência, resiliência, empenho, organização e profissionalismo se consegue uma atividade sustentável a tempo inteiro.
#7
Qual o salário que se pode atingir?
Primeiro é preciso saber qual o seu valor por hora. Se trabalhar 8 horas por dia e já souber qual o seu valor por hora, terá uma previsão do seu rendimento ao fim do mês.
A este rendimento tem de retirar o valor das despesas como impostos, divulgação e promoção, website, comissões ou taxas cobradas por plataformas de contratação de serviços, formação, ferramentas digitais e subcontratação.
A diferença entre os seus rendimentos e as despesas será o seu salário mensal. Quando calcular o valor por hora, não se esqueça de incluir o seu subsídio de férias e de Natal.

Se ainda tem dúvidas em trabalhar como assistente virtual ou tem outras ideias de negócio, mas tem receio de as colocar em prática, como eu em 2012, recomendo o curso: Descobre a tua área profissional do Nomadismo Digital Portugal. Tire as teimas, mude de vida e seja mais produtivo e feliz na sua atividade profissional.
Valeu a pena?

Cristina Pinto
(Artigo atualizado em 30/3/2022)