A felicidade acontece ao meio-dia

Dou um passo e ela foge. Dou outro, e ela torna a fugir. E outro. Agora vou enganá-la. Darei um passo tão grande que a ultrapassarei e ficarei diante dela. Não consigo. Ela tornou a fugir.

Volto para trás e agora é ela que vem atrás de mim. Mas não me apanha. Não consegue, a sacana. Deve estar a brincar. Agora, se quiser vê-la, tenho de olhar para trás. Tenho de estar sempre a olhar para trás, senão não a vejo.

Já estou cansada e desmotivada. Nunca nos encontramos. Se me viro para um lado, ela foge. Se me viro para outro, ela vem atrás de mim. Talvez seja melhor parar. Esperar que alguma coisa aconteça.

Para onde foi? Fugiu? Não a vejo. Nem à frente nem atrás. Oh. O que está debaixo dos meus pés? Tão pequenina, mas já não foge. Que horas serão? Meio-dia?

Assim é a felicidade. Ela não está no futuro, nem no passado. Ela está no presente. Quando a sombra estiver mesmo debaixo dos nossos pés. Quando não houver uma sombra a correr atrás, nem tenhamos de correr atrás da sombra. A felicidade não está no futuro nem no passado. Ela está no presente. A felicidade está ao meio-dia.