A cesta da Camila
Camila já caminhava há algum tempo. Levava uma cesta pesada e ainda lhe faltava meio caminho. Sentia que talvez não conseguisse chegar ao destino com tanto peso.
Pousou a cesta e escolheu uma coisa pesada. Com cuidado, retirou a responsabilidade e colocou-a em cima de um muro. Mais leve, continuou o seu percurso. Quando chegou perto de um riacho, viu o seu reflexo na água e achou-se feia. Já não se sentia vaidosa, por isso, tirou da sua cesta a vaidade e afogou-a.
Um pouco adiante, já um pouco cansada e cheia de fome, encontrou a porta de uma pequena casa entreaberta. Espreitou e, como não viu ninguém, entrou e serviu-se de comida.
Depois de ter a barriga cheia, percebeu que não tinha sido correta ao entrar na casa de uma pessoa sem permissão. Sentiu que não era merecedora de carregar a honestidade. Abriu a cesta e colocou a honestidade à porta da casa que tinha roubado.
Já era noite e precisava de descansar. Sem lugar para pernoitar, só encontrou um pequeno palheiro para dormir. Na manhã seguinte, acordou bem cedo e continuou o seu caminho.
Sentiu a cesta muito leve e achou estranho. Pousou-a e procurou o que ainda lhe restava, mas não encontrou nada. O entusiasmo, a felicidade e a bravura tinham desaparecido. A única coisa que tinha ficado foi um enorme vazio. A solidão tinha roubado tudo.
Por mais pesadas que sejam, as características que carregamos, definem a nossa autenticidade.